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Empodere-se, homem!

  • Foto do escritor: Jimi Aislan
    Jimi Aislan
  • 5 de jun. de 2019
  • 3 min de leitura

Atualizado: 6 de jun. de 2019


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Chega de ficar à margem dos movimentos sociais, meu amigo macho alfa. Empodere-se. Isso mesmo, saia para rua e grite com todas as forças “sou homem”. Agora, aproxime-se mais que eu te explico o que significa isso nos dias de hoje.

Sem voltar às cavernas platônicas, olhe o que é a sociedade atualmente. Pessoas de muitos tipos, mulheres querendo igualdade profissional, homossexuais se subdividindo em labirintos conceituais sobre gênero (e você perdido na sigla), jovens dando menos importância para o sexo e mais para as emoções, a galera da natureza e suas matizes de terapias holísticas, a cultura da carne sendo relegada a segundo plano pelos vegetais. O mundo mudou, e continua em franca mudança, mas nós permanecemos os mesmos. Com conceitos ortodoxos, espartanos até, definindo que somos os donos do mundo. E talvez fôssemos, de um mundo que colapsou em algum lugar da história e está em decadência.

Para fazer parte dessa nova ordem é necessário entender qual é o nosso papel no cenário atual. E aqui tem que desconstruir um dos principais preceitos machistas: não há papel. A única coisa que esse mundo novo espera de nós é que deixe cada um viver a sua maneira e que isso não diminua nenhum direito social. A maior parte do conflito reside no combate a essa ideia volátil, de que possuímos algum poder, algum tipo de controle. O cara que espanca a namorada, acredita que manda nela, nesse caso maluco beirando à posse. O outro que espanca um homossexual pensa que pode dirigir os padrões sociais, baseado na sua percepção, e se vale da força física para “reestabelecer” o tal padrão. Na cabeça de uma boa parcela dos homens, empoderar o outro é diminuir o que se tem. Os matemáticos que me desculpem, mas humanas é essencial nessa conta. Poder, entre outros conceitos humanos como empatia, sinergia e amor, não são fechados em quantidade e absolutos em definição.

O fato é que, com a amplitude dada as vozes dos movimentos extra-masculinos, o mundo se tornou uma enorme cesta de pluralidades. Pessoas que aprenderam, e continuam em processo de aprendizagem, a serem felizes com diferentes credos, opções sexuais, raças, tipos físicos, forma de se alimentar, interações com a natureza, enfim saímos da formatação fechada de padrões sociais, para a abertura inconteste dos desejos individuais. E alguns de nós homens não aceitaram muito bem isso e o motivo é simples: medo.

Aprendemos a viver nos nossos medos e nos esconder atrás da força física (em alguns momentos força financeira, social e até religiosa). E, regra da vida, cachorro acuado parte sempre para o ataque. A diversidade exposta pelos movimentos sociais desorganiza o pensamento masculino e causa perturbação interna. Sei que não é fácil reprogramar anos de vivência doutrinária, compartilho a luta pela igualdade há algum tempo e volta e meia me corrijo ou sou corrigido por frases tipicamente machistas e que estão arraigadas. Ressignificar dá trabalho, indica que teremos de nos reinventar para que nossa fala e atitudes não rasurem o direito do outro. Não importa que outro é esse. Isso é empoderar.

As mulheres não querem ser homens, homossexuais não desejam que todos se assumam. Nada disso, todos, sem exceção buscam algo mais simples, que ao mesmo tempo é tão difícil de conseguir: respeito. Logo empoderar é um verbo/atitude que assumimos numa postura respeitosa pela história, trajetória e luta do outro. Não é necessário concordar com as motivações, elas são em muitos aspectos individuais, mas é fundamental não reverberar um discurso contra, sem ao menos tentar compreender o movimento. Ser respeitado não significa desrespeitar os outros, assim como dar voz e vez às pessoas, não significa calar, mas sim OUVIR. Esse é o primeiro passo. Abra a cabeça, converse e ouça o outro lado da história antes de rotular, perceba que o mundo pluralizado é muito mais interessante que o clássico filme mudo que a cultura machista tem reprisado.

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