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Sexo, diálogo e comunicação

  • Foto do escritor: Jimi Aislan
    Jimi Aislan
  • 23 de out. de 2018
  • 2 min de leitura

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Poucos temas são tão controversos quanto o sexo. Todos gostam, mas quase não falam sobre.

Esses dias me perguntaram sobre gostar ou não de sexo e no meio da fala veio a frase "homens naturalmente gostam de sexo, mulheres não". Infâmia pura. Sexo é instinto. Logo sexo é sexo, não tem mistério, mas é rodeado de tabus. Todos gostam, porque como animais somos impulsionados pelo tesão. As variáveis em termos de desejos reprimidos deixo aos amigos psicólogos, especialistas no assunto. Minha área é a comunicação. E sexo é comunicação no sentido mais puro da palavra.

Mas o que faz ele ser bom? Na verdade, isso já não é tão certo e nem tem fórmula pronta. Mas há algumas dicas que podem nos ajudar, além da prática, é claro.

Rubens Alves fala algo interessante e que compartilho: "As pessoas sabem que o objetivo do jogo amoroso é ele mesmo, o prazer e a alegria de estar brincando. A conversa é uma metáfora dos jogos amorosos. Quem não sabe conversar não sabe transar".

Quem gosta de conversar gosta de pessoas. Invariavelmente a conversa inclui uma concessão de espaço e pressupõe que você esteja disposto a ceder tempo e atenção para realmente compreender aquilo que o outro diz. Quem gosta de sexo por sexo, gosta de si. Pode até sentir prazer sozinho. Mas quem dispensa uma boa conversa? Daquelas de horas perdidas, de rir e sentir um efeito estranho pela simples companhia? Se encontrar conversas assim está difícil, imagine quando se apimenta a intimidade, dividindo a cama! Ler o corpo é mais que uma forma libidinosa de Braille. Nesse processo, está envolvido um diálogo entre mídias desconhecidas.

Conversar com arrepios e suspiros está relacionado com o grau de alfabetização na outra pessoa. A questão, e creio que é a parte mais gostosa desse jogo, está em cada pessoa ter um alfabeto próprio. Nenhuma carta de amor é igual a outra. Não existe um dicionário. Existem bilhares de pequenos pessoaonários e a leitura faz parte do diálogo.

Só conhecendo cada página que montamos esse manual dos termos e travamos conversas cada vez mais intensas e gostosas. Essa intimidade comunicacional da cartografia dos prazeres pede tempo. Pede espaços próprios. Pede interesse mútuo. Pede vocabulário para a comunicação, para que o sexo seja mais que um protocolar diálogo e se torne uma conversa de horas perdidas, daquelas que basta olhos nos olhos para trocar o rumo da prosa.

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