Desculpe amigo...
- Jimi Aislan
- 11 de nov. de 2018
- 2 min de leitura

Talvez você nem leia. Talvez você nem lembre.
Talvez você nem saiba, mas já fui menos amigo seu que você de mim.
Já deixei de lhe apoiar e de procurar quando as coisas estavam bem na minha vida. Já busquei seu conselho em dias de escuridão, onde outras pessoas me provaram que amizade tem que ser uma via de mão dupla. E aceitei bem menos que isso.
Já senti raiva por você ter dito que fui burro e que não havia amor suficiente em mim mesmo por mim quando estava envolto num relacionamento abusivo. Disse que eu era de fases e que voava ao sabor das minhas paixões. E questionei sua amizade.
Já escondi partes de histórias porque sabia o grau do seu julgamento. Não percebi que tudo o que escondia você já sabia. E mesmo sabendo, esteve da mesma forma ao meu lado e não cobrou nada além do meu bem estar. Você me conhece bem. Talvez mais do que eu a mim mesmo.
E pensei.
A soma de mim mesmo está nas minhas ações. Histórias que se cercam de erros e acertos. E em quase todas elas você esteve lá. Porque mesmo aquelas em que estive distante, bastou lhe encontrar e conversar por meia hora para que a percepção do tempo me distraísse. E me pareceu que nunca estivemos longe.
Não sei dizer o que há nessa estranha cumplicidade, que não é forçada por laços de sangue, capaz de tornar minha vida mais simples. E em cada final de conversa, em cada momento dividido, você se torna parte de mim porque é minha memória viva. Não para me desmentir na frente de outras pessoas, mas para jamais deixar que eu minta para mim mesmo.
Talvez, das faltas mais graves que possam ser cometidas numa amizade, a omissão seja a pior. Isso porque a construção dessa relação tão especial passe por interagir. E sei que falhei. Já deixei de perguntar por coisas que você julgava importante. Já esqueci de nomes de amigos seus e de familiares. Perdi aniversários e oportunidades de zoar no whatsapp. Esqueci de mostrar que você cometia erros repetidos. Já deixei de ver você machucado e de saber dos seus problemas por estar levitando ao redor do meu umbigo ou por julgar que seus problemas eram pequenos demais. Não há problemas pequenos. Há problemas, alguns com solução e outros sem. Foi você quem me ensinou isso. Já deixei de lhe ensinar algo por não estar e ser presente. E sei que um grande presente foi ganhar sua amizade.
Dizem que quando um amigo nos é importante a gente nunca lembra o momento exato quando o conhecemos, por isso confesso: não tenho a menor ideia do dia em que você entrou na minha vida.
Mas não vim aqui me desculpar pelos meus erros. Esses, meu nobre amigo, você conhece bem.
Hoje eu queria me desculpar simplesmente por ter que pedir desculpas.



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